Um dos recursos visuais mais elegantes dentro de um livro são as letras capitulares, que, além de deixarem seu texto mais embelezado, reforçam a atenção do leitor para o início de um novo capítulo. No entanto, elas não funcionam para todos os tipos de texto.
De forma resumida, a letra capitular é aquele caractere maior no início de uma palavra, que geralmente ocupa a altura de duas ou três linhas do primeiro parágrafo de um texto.
Como é um recurso estético, a letra capitular precisa ser usada com moderação, para que seu texto não fique chamativo demais, “enfeitado” desnecessariamente. Ela é sempre usada no início de capítulos, ocupando uma altura geralmente de duas a três linhas, como já mencionado, ainda que uma altura maior possa ser relevante em alguns casos. Como todo parágrafo inicial de um capítulo costumeiramente não possui tabulação (espaçamento inicial), a letra capitular também não.
Qual fonte utilizar?
É necessário também agir com equilíbrio. Usar a mesma fonte do texto na letra capitular nunca causa erros estéticos, mas é muito mais comum usar uma fonte personalizada. Nesse caso, o ideal geralmente é fazer uso da mesma fonte utilizada no título do capítulo ou no título do livro (presente na capa ou folha de rosto, por exemplo). Um livro formatado com muitas fontes não é agradável.
Caso pretenda utilizar uma fonte diferente, certifique-se de manter a identidade visual da sua obra com o enredo e gênero dela. Observe este exemplo:
Aparentemente, levando em consideração a fonte e a ilustração do capítulo, podemos dizer que esse livro talvez se trate de uma história de ficção científica. Não faz muito sentido usar uma letra capitular formatada num estilo clássico, romântico, manuscrito.
Quando a arte do capítulo já for personalizada, uma ótima recomendação é deixar um espaço em branco considerável entre o nome do capítulo estilizado e o início do texto. Isso evita uma espécie de “ajuntamento visual” entre os dois elementos. Além disso, se a fonte usada no capítulo for manuscrita e se sua pretensão for utilizar também uma fonte manuscrita na capitular, opte, preferencialmente, pela mesma fonte. Usar duas fontes manuscritas diferentes no mesmo livro não é muito harmônico.
Caso veja que a capitular não fique muito atraente com a mesma fonte do título do capítulo, prefira uma fonte em estilo mecânico, como a mesma utilizada no texto do capítulo, preferencialmente serifada.
Quanto a cores
Ainda quanto à formatação, caso seu livro seja colorido, tome cuidado para não deixar a capitular muito saltitante aos olhos. De preferência, mantenha a mesma cor do texto. Entretanto, se preferir destacá-la com uma cor diferente, procure, acima de tudo, usar uma cor coerente com a identidade visual de seu livro. Procure também não usar uma tonalidade muito escura. Se optar por alterar a tonalidade, que seja para deixá-la mais clara.
Nesse exemplo, temos um livro natalino colorido. Note que o título do conto acompanha uma das cores da ilustração, assim como a letra capitular. No entanto, no caso desta, a tonalidade do verde está consideravelmente mais clara.
Quanto a estilizações
Essa ferramenta também permite algumas estilizações. Por exemplo, você pode usar preenchimento ou bordas. Todavia, sempre considere se está ou não exagerando no layout. Muitas vezes, algo mais simples chama a atenção de uma maneira muito mais positiva.
No caso dos dois exemplos acima, bordas e preenchimento já são destaques de grande impacto. Particularmente, ao usar capitulares assim estilizadas, prefira uma arte de capítulo mais simples, sem muitas ilustrações ou arabescos, por exemplo.
Em quais obras usar ou não letra capitular?
É recomendável que se faça uso de capitulares apenas em obras divididas em capítulos. Se sua obra é um texto sem pausas, sem divisões, talvez o uso de capitulares não seja tão interessante, porque esse recurso irá aparecer apenas uma única vez: no início do livro.
Caso pretenda investir em recursos estéticos para um livro sem capítulos, mas que possua divisão de texto, recomendo o uso de versalete no início das novas partes, de divisores de texto personalizados e/ou design personalizado de paginação, por exemplo.
Por outro lado, se seu livro tem capítulos muito curtos, letras capitulares podem deixá-lo enjoativo para o leitor. Seu texto ficaria enfeitado em demasia. Se pretende aplicar um destaque visual para obras com capítulos pequenos, recomendo usar fontes personalizadas na arte do capítulo (evitando muitas figuras ou arabescos; no máximo um pequeno ícone), uma paginação personalizada ou até mesmo versalete. Mas com cautela, porque tudo isso de uma única vez também soa pedante demais.
Quando jamais usar letra capitular?
Parece meio óbvio, mas esse recurso não é bem-vindo em poesias, citações e microcontos, por exemplo. Também evite capitulares em textos com largura muito estreita, textos centralizados ou alinhados à direita.
Lembre-se também de que capitulares, como o nome mesmo diz, abrem capítulos, e somente capítulos. Se seu capítulo é dividido em várias partes, jamais inicie uma nova parte usando essa ferramenta. Há dois recursos úteis para este caso: os divisores de texto (simples ou personalizados) e o uso de versalete.
É possível usar letras capitulares em e-books?
Atualmente, o recurso é compatível com a maioria das plataformas, formatos e leitores de e-book. No entanto, nem todas as suas características podem apresentar o desempenho esperado.
Ao contrário de um livro impresso, cujo layout é estático, o livro digital possui um layout adaptável ao leitor, à plataforma onde está sendo lido, à tela e ao software onde está sendo usado. Sendo assim, nem todos os elementos de um livro físico funcionam perfeitamente em um e-book. Isso também acontece com as letras capitulares.
Ao usar esse mecanismo no meio digital, ainda que fontes personalizadas sejam aceitas, prefira fazer uso da mesma fonte utilizada no texto e evite formatações em demasia, como preenchimentos e bordas. Assim, você garante uma melhor compatibilidade com e-readers mais antigos, por exemplo.
Eduardo Tognon
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